Levar o idoso para morar com você, ou morar na casa dele?

Levar o idoso para morar com você, ou morar na casa dele?

Todos sabemos que confusão mental é constante no idoso com demência.

Sendo assim, é recomendável sair da casa em que o idoso vive?🏡 Será que isso não causará mais confusão? E como fica o cuidador? Terá que mudar para a casa do idoso? 🤔 Refletindo sobre tudo o que ele irá passar com esta doença, o melhor a se fazer não é ficar na casa que ele sempre viveu? São muitas as reflexões, e hoje comentarei aqui como tudo começou!

Eu queria muito que meu avô permanecesse em sua casa, onde ele já estava acostumado com o local dos seus pertences pessoais e com sua rotina (ainda que esta fosse adaptada com o tempo). Em sua casa ele poderia inclusive continuar com seu trabalho de jardinagem que seria levado adiante por muito tempo com a devida supervisão, claro! 🌵🌿

Porém, por problemas de convivência familiar tivemos que sair de seu lar. Ainda hoje me entristece pensar que tivemos de sair pela falta de colaboração e apoio por parte de uma das pessoas que deveriam ajudar no cuidado do meu avô.

Explico melhor o motivo: 😔

Comecei a cuidar do meu avô no exato dia 22 de fevereiro de 2013, pois nesta noite ele dormiria sozinho, já que minha avó iria fazer uma cirurgia do tratamento de câncer (da qual ela foi e não mais voltou).

Deitei na cama do meu avô para ele não se sentir sozinho e para o caso dele se perder dentro do quarto ao se levantar pela madrugada (o que já vinha acontecendo há algum tempo!) Fui para ficar uma noite e passei seis anos ao seu lado. 👦💜🧓

Com todas as adversidades fui ficando em sua casa para fazer companhia após a morte de minha avó. Tudo conspirava contra a minha permanência por lá: A casa em que ele morava era longe do local de estágio e da universidade. E ainda havia o agravante de não ter o devido apoio de quem eu mais precisava.

Apesar de tudo isso eu sabia que o melhor a se fazer era manter meu avô ali. Morávamos eu, meu avô, um filho dele e meu primo. Tinha tudo para dar certo. No momento em que eu estava na faculdade, meu primo ficava de companhia com o Vôvs. Mas quando estávamos trabalhando, o outro morador da casa deveria ficar com o Vôvs. Pois bem: deveria.

Certo dia saí mais cedo do estágio e me deparei com a seguinte cena: Meu avô estava sentado na sala, com as portas fechadas e olhando para a parede. Porque ninguém ligou a TV para ele. Meu avô nunca soube mexer em tecnologias assim, então minha avó é quem sempre ligava a tv. Pode não parecer nada demais, mas aquilo me doeu… . Era algo muito simples. Não era um banho, não era uma troca de fralda… era só ligar a TV. E a gente precisa se atentar em manter determinados costumes do idoso. Principalmente quando não causa riscos à sua saúde. Ou seja, se toda tarde ele tinha o costume de se sentar para assistir o Chaves, porque não manter?

Pois bem, vendo a falta de colaboração decidi fazer um convite à meu avô! <3 RENAN: Vôvs, o que acha da gente passar um final de semana lá na casa do meu pai e da minha mãe? Ela tá ficando muito sozinha lá… o que acha da gente ir pra lá fazer companhia um pouco?

VÔVS: Uai… mas e as coisas aqui? Quem vai cuidar?

RENAN: O pessoal vai ficar aqui e a gente também pode vir de vez em quando pra ver como estão cuidando das coisas aqui…

VÔVS: Ah, então vamos lá um pouco!

O plano foi o seguinte: 1) Levar meu avô pra casa dos meus pais, pois nos momentos em que eu estivesse fora, minha mãe faria companhia para ele

2) Caso ele quisesse ir embora por não se adaptar, eu voltaria para a casa dele e tentaria seguir de alguma forma.

Para a felicidade de todos, ele nunca pediu para ir embora! 💜 Mas nisso, vale ressaltar que eu gostava de viver com ele em sua antiga casa. Para mim não foi a decisão mais fácil voltar para a casa dos meus pais, mas era o melhor no momento.

Por volta de uns seis meses ele ficou na minha cama e eu dormia no colchão no chão, ao seu lado. Conforme os dias foram passando, eu fui dizendo algumas coisas para reafirmar a ideia de que ele era mais do que bem vindo ali, ele era ÚTIL E NECESSÁRIO!

“Vôvs, obrigado pelo senhor tá aqui com a gente viu? Se não fosse o senhor, ninguém ia me ajudar com essas plantinhas…” 🌱

Assim seguimos com algumas coisinhas que ele conseguia fazer, como cuidar das plantas, fazer caminhada, pintar alguns caixotes e porta retratos de madeira, e sentar na calçada ao final da tarde…🌅

Os anos foram passando e ali a gente viveu muita coisa. Situações difíceis por serem os anos iniciais, mas que nos deixaram muita saudade.

Três anos após a mudança, decidi voltar para sua antiga casa. Pelo fato da doença avançar, ele necessitar de um quarto maior e a casa ser na rua de cima do hospital público da cidade!

Houve resistência por parte dos parentes quando souberam que mudaríamos de volta, claro. Mal sabíamos que o motivo é que anos antes de voltarmos, eles haviam entrado com um processo na justiça a respeito da casa. Por fim, houve desistência por parte deles. Mas somente após a morte do meu avô. Em todo esse tempo, além dos cuidados com meu avô vivíamos a tensão de um processo onde pediam a casa que a gente estava vivendo atualmente com meu avô.

Parente é isso, né gente?

⚠️Uma informação importante aqui antes de finalizarmos! Meu avô em certa época falava insistentemente sobre um TACHO DE COBRE. Tivemos que ir na casa em que ele vivia para buscar o tacho e deixar exposto em um local visível na casa dos meus pais por todo o tempo que vivemos lá. Certamente este tacho deve ter tido uma história importante para ele. E devemos respeitar. Ignorar algo assim poderia deixá-lo triste ou até mesmo irritado.

Buscar o tacho de cobre foi uma ação muito mínima perto do conforto que a gente deu para ele. Então, vale a pena todo e qualquer esforço nesse sentido.

Por mais que você não esteja animado, disposto, ou com paciência… lembre-se que isso dará uma sensação de conforto pra ele. Ficando confortável e se sentindo bem, você também ficará, cuidador!⚠️

Sobre se mudar para a casa do idoso ou não, é algo que só você cuidador poderá decidir. A minha opinião, é que o idoso deva permanecer no local que sempre viveu. Porém, não podemos esquecer que o cuidador em muitas vezes tem sua vida, sua família e ficaria difícil dizer que ele deve ir para a casa do idoso. Então, é uma decisão difícil… se por um lado o idoso ficará bem em sua casa, o cuidador poderá não ficar. E a ideia é que ambos fiquem bem. Não dá para cuidar bem se você não estiver bem! Vale sempre buscar ajuda para quem sabe nas fases iniciais o idoso permanecer em sua casa, mas sempre com supervisão de familiares com rotatividade nos horários de cada um.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *