“Você quem quis cuidar. Eu avisei…”

“Você quem quis cuidar. Eu avisei…”

Única coisa que a gente pede é compreensão. Isso é pedir muito?

Hoje quero comentar sobre a injustiça que a gente vive diariamente no cuidado com o idoso. Seja ela por falta de gratidão do idoso que muitas vezes é uma pessoa que não compreende que o cuidador está ali para auxiliar! (o que não foi o meu caso!). Seja por parte dos filhos e familiares do idoso que não cuidam e como disse no título, somos obrigados a ouvir coisas como:

“Você quem quis cuidar, eu avisei como ia ser. Falei pra deixar que eles se virassem pra lá. Agora aguenta”

Existem muitas formas das pessoas colaborarem com o cuidador, com a casa, com as despesas, com as compras, em consultas, pesquisas de medicamentos e preços em farmácias, enfim: atividades não faltam! Quando a gente fala de receber ajuda, não é necessariamente com o idoso… Pois há pessoas que não querem nem mesmo colocar a mão no idoso! E não tem problema, até porque se for pra ser assim, honestamente, é melhor mesmo que não cheguem perto. Mas dá muito bem pra ajudar em outras coisas. Porém, a realidade é que nem todo mundo tem vontade e é só isso mesmo que a gente tem pra dizer:

Pessoas sem vontade de ajudar um familiar. É difícil acreditar, mas isso existe.

Essas pessoas aproveitam que um só familiar cuida e deixa que essa pessoa se vire sozinha.

E muitas vezes estas pessoas tem a coragem de colocar a culpa por a gente “querer cuidar”. Ninguém quer cuidar sozinho… a gente quer cuidar porque ama, porque vê que o idoso precisa de apoio, por consideração à tudo o que aquela pessoa representa para nós. Mas isso não significa que queremos fazer tudo sozinho sem ajuda. Apoio é sempre bem vindo mas se vier de bom grado, não obrigado.

SANGUE NÃO É FAMÍLIA

Inúmeras situações me fizeram diferenciar quem é a minha FAMÍLIA e quem são os PARENTES.

Em um resumo bem rápido: Família não é só sangue, vai além. É quem você ama. Ou seja, nem sempre precisa ser ter laços sanguíneos! E aqui entram todos os meus amigos, que me seguraram em todos os momentos difíceis que passei com o vôvs! Parente até pode ter laço sanguíneo sim, mas você só atura. É aquela tia fofoqueira, aquele tio trambiqueiro, e por aí vai. Não tem muito o que fazer. Atura porque é sangue, mas não significa que a gente precisa gostar ou ter contato. É melhor que fique longe já que sua função na terra é dar trabalho

DAS DECISÕES QUE PRECISAMOS TOMAR…

Muitas vezes a gente se vê tendo que tomar inúmeras decisões sozinho. Não que eu não fosse capaz de decidir por elas, pois nos últimos anos a cada dia que se passava eu tinha mais certeza que eu sabia o que era melhor para o meu avô.

Mas isso não significa que eu não quisesse alguém por perto dizendo que vai ficar tudo bem. Muitas vezes é só disso que a gente precisa. O que a gente de fato queria aqui em casa, era alguém pra ajudar pra quem sabe, a gente pudesse descansar e não se sentir exausto por cuidar em tempo integral. Um abraço no fim do dia pode vir como uma salvação.

A minha sorte, é que tive isso da minha mãe que me ajudou desde o início, e no ano mais difícil uma outra pessoa também apareceu nas nossas vidas. Uma pessoa que certamente sentiu mais a falta do vôvs que qualquer uma das pessoas “de sangue”.

Alguém que me ajudou em todos os momentos, nas difíceis decisões e que estava sempre lá pra me lembrar do quanto eu conseguiria enfrentar tudo aquilo.

NÃO INTERESSA O QUÃO BEM NÓS CUIDAMOS. AJUDA SEMPRE SERIA BEM VINDA.

As pessoas da família tem o péssimo hábito de pensar: “Ah, eles estão cuidando dele… deixa eles pra lá”. E não, não é assim que funciona. Se a gente pegou a responsabilidade principal da missão de cuidar do idoso, a sua função como familiar é estar por perto oferecendo suporte. Isso vai ajudar não só o cuidador mas também o idoso que terá pessoas diferentes ao seu redor onde poderá contar histórias, ouvir músicas, conversar, rir, enfim… SOCIALIZAR.

Meu avô contou com o meu apoio e da minha mãe que não era sua filha. Percebem que quando a gente quer ajudar, a gente consegue? Não existem barreiras, nem limites. basta querer. Quando você quer ajudar, você consegue.

Aproveito para deixar aqui um vídeo onde falo sobre a famosa FALTA DE TEMPO que as pessoas insistem em alegar, quando na verdade a gente sabe que o que falta mesmo é interesse!

No fim das contas o que o cuidador precisa é só de saber que ele pode contar com qualquer pessoa em um momento de dificuldade. Uma mensagem já ajuda. Chegará um momento que o idoso poderá contar somente com a nossa presença, de alguém que segure sua mão. Mas para isso quem cuida precisa estar forte para segurar esta mão e carregar todas as memórias vividas. Você consegue ajudar essa pessoa com uma mensagem de bom dia, perguntando se ela está bem, se precisa de algo…

lembre-se disso: Se você quer ajudar, você consegue.

O mínimo que você pode fazer é OUVIR, e não encarar como reclamações, mas como um desabafo.

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